Na Netflix, o filme
Radioactive
faz uma leitura da biografia de
Marie Curie, a cientista que mudou o mundo com suas pesquisas e recebeu duas vezes o Prêmio Nobel. Por trás do raio X que cura vidas e da bomba atômica que mata de maneira indistinta, estão as descobertas pioneiras desta pesquisadora que superou vários obstáculos para vencer — entre eles o simples fato de ser mulher.
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história
e assista ao
filme
Como o cinema
retrata a história
Dicas de obras adaptadas pelo cinema
"Cada pessoa deve trabalhar para o seu aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, participar da responsabilidade coletiva por toda a humanidade.”
Marie Curie
Marie Curie, nascida
Maria Sklodowska, foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel e até hoje a única a ganhar dois prêmios Nobel em duas áreas científicas distintas — em 1903 por suas pesquisas em radiação e, em 1911, por descobrir o polônio e o rádio.
Além de todos os prêmios, Marie Curie foi a primeira mulher a se tornar professora na Universidade de Sorbonne e a primeira a ser homenageada com um enterro no
Panthéon, mausoléu no centro de Paris contendo os restos mortais dos mais honrados e ilustres cidadãos franceses. Sua filha,
Irène Joliot-Curie, repetiu o feito da mãe e ganhou o prêmio Nobel em 1935.
A cientista
nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 7 de novembro de 1867. Filha de um professor de Física e Matemática e de uma pianista, com dez anos ficou órfã de mãe. Teve educação geral em escolas locais e algum treinamento científico do pai. Na juventude, Marie se envolveu em uma organização revolucionária de estudantes e achou prudente deixar Varsóvia, então parte da Polônia dominada pela Rússia czarista.
Com 17 anos, Marie começa a trabalhar como governanta e professora para pagar os estudos da irmã mais velha. Depois de formada em Medicina, a irmã ajudou Marie a realizar seu sonho de estudar na Sorbonne.
Em 1891, ela foi para Paris e, para pagar os estudos na universidade, viveu em um sótão com poucos recursos até para se alimentar. Em 1893 graduou-se em Física e, em 1894, em Matemática. Foi a primeira colocada no exame para o mestrado em Física e, no ano seguinte, ficou em segundo lugar no mestrado em Matemática.
Em 1894, quando preparava sua tese de doutorado, Marie conheceu
Pierre Curie, professor da Escola de Física especializado em pesquisas elétricas e magnéticas. No ano seguinte, eles se casaram e trabalharam juntos nas pesquisas, muitas vezes realizadas em condições difíceis, com arranjos de laboratório precários.
No início da parceria, o casal constatou que o tório, assim como o urânio, também emitia radiações. Trabalhando em um porão cedido pela Sorbonne, verificaram que certos minerais de urânio, especialmente a
pechblenda
(mineral de óxido de urânio), procedente das minas de Joachimstal, na Boêmia, tinham radiações mais intensas que o correspondente teor em urânio, devido à presença de elementos ainda desconhecidos.
A descoberta da radioatividade por
Henri Becquerel,
em 1896, inspirou os Curie em suas pesquisas e análises brilhantes que levaram ao isolamento do polônio — que leva o nome do país de nascimento de Marie — e do rádio. Com essas pesquisas, Pierre, em particular, verificou que a radiação podia matar células de tecido doente, ou seja, iniciou o estudo da radioterapia contra o câncer.
UMA VIDA PELA CIÊNCIA
Em 1900, Marie Curie foi convidada para lecionar física na
École Normale Supérieure, em Sévres, enquanto Pierre era indicado para conferencista na Sorbonne. Em 1903, o casal ganhou o Prêmio Nobel de Física junto com
Henri Becquerel
por suas descobertas no campo ainda novo da radioatividade.
Em 1904, Pierre foi nomeado professor da Sorbonne e Marie assumiu o cargo de assistente-chefe do laboratório dirigido por seu marido. Em 1905, Pierre Curie foi eleito para a
Académie des Sciences. Em abril de 1906, ele morreu tragicamente atropelado por um veículo puxado por cavalos. Pouco antes de completar um mês da morte do marido, Marie foi indicada para substituí-lo, tornando-se a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Sorbonne e a primeira mulher a ocupar tal cargo na França.
Ao longo de sua vida, Marie promoveu o uso do rádio e se dedicou pessoalmente a esse trabalho de remediação para aliviar o sofrimento de soldados durante a Primeira Guerra Mundial, sempre assistida por sua filha, Irène. Suas descobertas ajudaram a França no conflito, principalmente na área médica: ela própria dirigia ambulâncias em direção a campos de batalha para instruir militares no uso de equipamentos de raios-X, que auxiliavam na remoção de balas e estilhaços.
A cientista manteve seu entusiasmo pela ciência ao longo da vida e trabalhou para estabelecer um laboratório de radioatividade em sua cidade natal. Em 1929, o presidente dos EUA
Herbert Hoover presenteou-a com US$ 50 mil doados por amigos americanos da ciência, para comprar rádio e usá-lo no laboratório em Varsóvia.
Madame Curie, como era chamada, é descrita com perfil quieto, digno e despretensioso. Tida em alta estima e admiração por cientistas de todo o mundo, foi membro do
Conseil du Physique Solvay,
de 1911 até sua morte, e desde 1922, do Comitê de Cooperação Intelectual da Liga das Nações. Seu trabalho está registrado em vários artigos em revistas científicas. É autora de
Recherches sur les Substances Radioactives
(1904),
L'Isotopie et les Éléments Isotopes
e o clássico
Traité 'de Radioactivité
(1910). Em 1911, a cientista ganhou um segundo Prêmio Nobel, desta vez em Química, em reconhecimento ao seu trabalho na radioatividade.
Marie Curie morreu em 4 de julho de 1934, aos 66 anos, em Savoy, França, vítima de leucemia. Seus órgãos vitais estavam comprometidos devido às constantes exposições à radioatividade sem nenhuma proteção. Até hoje, cadernos de anotação e outros materiais dos Curie só podem ser manuseados e estudados com proteção, pois estão altamente contaminados pela radiação.
Fonte: parte deste texto foi retirado de
Nobel Lectures, 1901-1921, Elsevier Publishing Company, Amsterdã, 1967; Autobiografia /biografia escrita e publicada na série
Les Prix Nobel/ Copyright © The Nobel Foundation 1903
Nascida Maria Sklodowska, a
cientista mudou a grafia do nome de Maria para Marie quando se mudou para França e ingressou na Universidade de Paris-Sorbonne, em 1891
Einstein encoraja Marie
a sobreviver aos
DETRATORES
Muito antes das redes sociais, os
haters
já existiam na época de Marie Curie, ou seja, no século passado. Aos 38 anos, ela já era viúva do físico Pierre Curie, com quem teve duas filhas. Após a morte do marido, a cientista teve um caso amoroso com seu sócio mais jovem e casado,
Paul Langevin, aluno de Pierre, que provocou indignação da esposa traída e ocupou as primeiras páginas dos tabloides franceses. Os editoriais hipócritas e raivosos sobre Curie ser uma destruidora de lares e uma desgraça para a França quase abafaram a notícia de que ela havia sido nomeada ao Prêmio Nobel pela segunda vez.
Como primeira mulher a ganhar um Nobel, ela pleiteava uma vaga na Academia de Ciências da França. Seus detratores, no entanto, questionavam a entrada de uma mulher na tradicional academia e começaram a espalhar o boato de que ela era judia e não poderia se candidatar a uma vaga na instituição.
Neste período turbulento, Marie recebeu uma carta datada de 23 de novembro de 1911 de Albert Einstein, na época com 32 anos, que lhe enviou as seguintes palavras de apoio:
"Muito estimada Sra.Curie,
Não ria de mim por lhe escrever sem ter nada de sensato a dizer. Mas estou tão furioso com a maneira vil com que o público se atreve a se preocupar com você, que devo absolutamente dar vazão a esse sentimento. No entanto, estou convencido de que você sempre despreza essa ralé, seja ela obsequiosamente esbanjando respeito sobre você ou tentando saciar seu desejo pelo sensacionalismo! Sinto-me impelido a dizer-lhe o quanto comecei a admirar o seu intelecto, a sua determinação e a sua honestidade, e que me considero afortunado por tê-lo conhecido pessoalmente em Bruxelas. Qualquer um que não esteja entre esses répteis certamente está feliz, agora como antes, que tenhamos entre nós personagens como você, e Langevin também, pessoas reais com quem se sente o privilégio de estar em contato. Se a ralé continuar a se ocupar com você, então simplesmente não leia essa besteira, mas deixe-a para o réptil para o qual foi fabricada.
Com os mais amigáveis cumprimentos a você, Langevin, e Perrin, sinceramente,
A. Einstein
P.S. Eu determinei a lei estatística do movimento da molécula diatômica no campo de radiação de Planck por meio de um espírito cômico, naturalmente sob a restrição de que o movimento da estrutura segue as leis da mecânica padrão. Minha esperança de que essa lei seja válida na realidade é muito pequena, no entanto."
Marie Curie, nascida
Maria Sklodowska, foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel e até hoje a única a ganhar dois prêmios Nobel em duas áreas científicas distintas — em 1903 por suas pesquisas em radiação e, em 1911, por descobrir o polônio e o rádio.
Além de todos os prêmios, Marie Curie foi a primeira mulher a se tornar professora na Universidade de Sorbonne e a primeira a ser homenageada com um enterro no
Panthéon, mausoléu no centro de Paris contendo os restos mortais dos mais honrados e ilustres cidadãos franceses. Sua filha,
Irène Joliot-Curie, repetiu o feito da mãe e ganhou o prêmio Nobel em 1935.
A cientista
nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 7 de novembro de 1867. Filha de um professor de Física e Matemática e de uma pianista, com dez anos ficou órfã de mãe. Teve educação geral em escolas locais e algum treinamento científico do pai. Na juventude, Marie se envolveu em uma organização revolucionária de estudantes e achou prudente deixar Varsóvia, então parte da Polônia dominada pela Rússia czarista.
Com 17 anos, Marie começa a trabalhar como governanta e professora para pagar os estudos da irmã mais velha. Depois de formada em Medicina, a irmã ajudou Marie a realizar seu sonho de estudar na Sorbonne.
Em 1891, ela foi para Paris e, para pagar os estudos na universidade, viveu em um sótão com poucos recursos até para se alimentar. Em 1893 graduou-se em Física e, em 1894, em Matemática. Foi a primeira colocada no exame para o mestrado em Física e, no ano seguinte, ficou em segundo lugar no mestrado em Matemática.
Em 1894, quando preparava sua tese de doutorado, Marie conheceu
Pierre Curie, professor da Escola de Física especializado em pesquisas elétricas e magnéticas. No ano seguinte, eles se casaram e trabalharam juntos nas pesquisas, muitas vezes realizadas em condições difíceis, com arranjos de laboratório precários.
No início da parceria, o casal constatou que o tório, assim como o urânio, também emitia radiações. Trabalhando em um porão cedido pela Sorbonne, verificaram que certos minerais de urânio, especialmente a
pechblenda
(mineral de óxido de urânio), procedente das minas de Joachimstal, na Boêmia, tinham radiações mais intensas que o correspondente teor em urânio, devido à presença de elementos ainda desconhecidos.
A descoberta da radioatividade por
Henri Becquerel,
em 1896, inspirou os Curie em suas pesquisas e análises brilhantes que levaram ao isolamento do polônio — que leva o nome do país de nascimento de Marie — e do rádio. Com essas pesquisas, Pierre, em particular, verificou que a radiação podia matar células de tecido doente, ou seja, iniciou o estudo da radioterapia contra o câncer.
Pierre e Marie Curie recusaram-se a patentear o rádio, pois a cientista acreditava que era um elemento químico que pertencia ao povo. Com a supervalorização do rádio no começo do século 21, o casal sequer tinha dinheiro para comprar o produto e continuar suas pesquisas
Marie Curie e Albert Einsten
(mais jovem na foto) conheceram-se em uma conferência em Bruxelas que reuniu a nata científica europeia. A partir de então, tornaram-se bons amigos e correspondentes
UMA VIDA PELA CIÊNCIA
Em 1900, Marie Curie foi convidada para lecionar física na
École Normale Supérieure, em Sévres, enquanto Pierre era indicado para conferencista na Sorbonne. Em 1903, o casal ganhou o Prêmio Nobel de Física junto com
Henri Becquerel
por suas descobertas no campo ainda novo da radioatividade.
Em 1904, Pierre foi nomeado professor da Sorbonne e Marie assumiu o cargo de assistente-chefe do laboratório dirigido por seu marido. Em 1905, Pierre Curie foi eleito para a
Académie des Sciences. Em abril de 1906, ele morreu tragicamente atropelado por um veículo puxado por cavalos. Pouco antes de completar um mês da morte do marido, Marie foi indicada para substituí-lo, tornando-se a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Sorbonne e a primeira mulher a ocupar tal cargo na França.
Ao longo de sua vida, Marie promoveu o uso do rádio e se dedicou pessoalmente a esse trabalho de remediação para aliviar o sofrimento de soldados durante a Primeira Guerra Mundial, sempre assistida por sua filha, Irène. Suas descobertas ajudaram a França no conflito, principalmente na área médica: ela própria dirigia ambulâncias em direção a campos de batalha para instruir militares no uso de equipamentos de raios-X, que auxiliavam na remoção de balas e estilhaços.
A cientista manteve seu entusiasmo pela ciência ao longo da vida e trabalhou para estabelecer um laboratório de radioatividade em sua cidade natal. Em 1929, o presidente dos EUA
Herbert Hoover presenteou-a com US$ 50 mil doados por amigos americanos da ciência, para comprar rádio e usá-lo no laboratório em Varsóvia.
Madame Curie, como era chamada, é descrita com perfil quieto, digno e despretensioso. Tida em alta estima e admiração por cientistas de todo o mundo, foi membro do
Conseil du Physique Solvay,
de 1911 até sua morte, e desde 1922, do Comitê de Cooperação Intelectual da Liga das Nações. Seu trabalho está registrado em vários artigos em revistas científicas. É autora de
Recherches sur les Substances Radioactives
(1904),
L'Isotopie et les Éléments Isotopes
e o clássico
Traité 'de Radioactivité
(1910). Em 1911, a cientista ganhou um segundo Prêmio Nobel, desta vez em Química, em reconhecimento ao seu trabalho na radioatividade.
Marie Curie morreu em 4 de julho de 1934, aos 66 anos, em Savoy, França, vítima de leucemia. Seus órgãos vitais estavam comprometidos devido às constantes exposições à radioatividade sem nenhuma proteção. Até hoje, cadernos de anotação e outros materiais dos Curie só podem ser manuseados e estudados com proteção, pois estão altamente contaminados pela radiação.
Fonte: parte deste texto foi retirado de
Nobel Lectures, 1901-1921, Elsevier Publishing Company, Amsterdã, 1967; Autobiografia /biografia escrita e publicada na série
Les Prix Nobel/ Copyright © The Nobel Foundation 1903
Nascida Maria Sklodowska, a
cientista polonesa mudou a grafia do nome de Maria para Marie quando se mudou para França e ingressou na Universidade de Paris-Sorbonne, em 1891